Mesmo com atendimento referenciado, o Pronto-Socorro do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) segue superlotado. A situação era intensa na noite de segunda-feira (3). Conforme o relato de um homem de 27 anos, que não quis se identificar, por volta das 20h30min, cerca de 10 pacientes estariam recebendo atendimento em macas nos corredores do Pronto-Socorro.
–Eu passei por ali com a minha esposa e tinham muitas macas nos corredores. Tinham até pessoas com bolsas de urina sentadas nos corredores. Eram mais de 10. Eu acho isso um absurdo, porque um hospital como esse era para ser um dos melhores do Brasil.
Conforme a instituição, 68 pacientes estavam internados no Pronto-Socorro na tarde desta terça-feira (4), sendo que 14 estão na sala de emergência, que tem capacidade para no máximo 6 pessoas. Atualmente, a Unidade de Urgência e Emergência atende somente pacientes encaminhados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo Sistema de Regulação de Internações Hospitalares do Estado (Gerint) e pela Central de Regulação do Estado, por meio do Vaga zero.
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Cenário
Foto: Nathália Schneider (Diário)
Em entrevista à Rádio CDN, o chefe do setor de Urgência e Emergência do Husm, Vivakanand Satram, explicou que a superlotação, que já era constante, teria piorado nos últimos dias. A unidade conta com apenas 23 leitos e o restante dos pacientes encontram-se acomodados em macas nos corredores. Com a alta demanda, a equipe tem feito o possível para dar assistência, mesmo com as dificuldades:
– Estamos fazendo a nossa parte. Atendendo e agilizando o máximo possível, tentando transferir pacientes, pelo Gerint, para outros hospitais para continuarem o tratamento. Estamos tentando agilizar as internações e a liberação dos pacientes para retornarem à Rede Básica, mas tudo isso com muitos entraves.
Satram enfatiza que, de segunda para terça-feira, foram aceitos 15 pacientes pelo Vaga Zero. Para dar assistência a todos, a equipe segue uma orientação:
– O mais grave vai ser atendido com preferência, mas estamos dando atendimento para quase todo mundo ao mesmo tempo – afirma o médico.
Entenda o caso
Foto: Nathália Schneider (Diário)
No dia 26 de julho, o Husm emitiu uma nota confirmando a superlotação da unidade de Urgência e Emergência. Na época, 58 pacientes estavam internados no local e a instituição optou por restringir o atendimento e suspender as cirurgias eletivas.
Dois dias depois, uma reunião entre a equipe do Pronto-Socorro e a Gerência de Atenção à Saúde do hospital foi realizada para reavaliar o quadro. Na ocasião, a retomada das cirurgias eletivas foi anunciada. No dia 29 de julho, uma nota conjunta com a Secretaria Municipal de Saúde e a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) foi emitida pela instituição para 45 municípios, informando sobre as atuais medidas.
Em 1º de setembro, a situação do Husm foi debatida durante uma reunião do Conselho Municipal de Saúde. No encontro, que ocorreu na sede da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), no Bairro Centro, a gerente de Atenção à Saúde da instituição, Soeli Guerra, apresentou dados sobre o contexto atual a profissionais da área, pesquisadores e usuários do Sistema Único de Saúde (Sus). Do encontro também participaram a secretária adjunta de Saúde, Ana Paula Seerig e a delegada adjunta da 4 Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), que se comprometeram em encontrar formas de melhorar o fluxo do Pronto-Socorro, que passa por superlotação pela 16ª vez somente este ano.
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